terça-feira, 28 de junho de 2011

Mostrando aquilo que você é...




Logo no começo do nosso casamento, eu e meu marido fomos morar em um apartamento muito "bacana". Lá só tinha gente "bacana". Mas sustentar aquele padrão de vida era muito caro. E era lógico que não tínhamos estrutura para tudo aquilo. Resultado: dívidas, muitas dívidas. E pagávamos as contas com atraso. Bastante atraso. Eu morria de medo da conta de luz.
Quando você pagava a conta com atraso, vinha uma outra cartinha, grampeada junto com a conta. Todo mundo sabia que quando a conta vinha acompanhada por aquela cartinha extra, era porque estava com pagamento atrasado. E na minha cabeça, imagine o porteiro ou zelador do meu prédio ficarem sabendo que estávamos pagando as contas com atraso... E sabe como são porteiros... eles sabem da vida de todo mundo, e se você quiser saber da vida de alguém no seu prédio, é só perguntar para eles (por favor, não quero generalizar, pois toda regra tem as suas exceções,  existem pessoas que não fazem isto). Mas o fato é que eu morria de vergonha do que os outros iriam pensar...

Mas a vida ensina...

Passamos por uma situação extremamente difícil (eu já comentei aqui sobre isto, quando falei sobre Prosperidade). Mas, alguém veio bater na porta da nossa casa e oferecer ajuda naquele momento tão difícil? alguém nos estendeu a mão e veio em nosso socorro? Excetuando nossos pais e meu cunhado querido, não...
Por isso  e com isso aprendi que não devo nada para ninguém...Me perdoem, mas... ninguém tem nada a ver com a minha vida ou a nossa vida. Qual o problema se as pessoas ficarem sabendo que você está devendo alguma coisa para alguém, que você está com dívidas para pagar, que você está com problemas financeiros? Pense bem, qual é o problema?... o problema é que as pessoas sempre querem passar uma imagem de si mesmas daquilo que elas não são. Daquilo que elas não tem.
Eu assisti uma palestra muito interessante uma vez, de um grande Economista, em que ele dizia o seguinte: os brasileiros vivem economicamente de uma forma extremamente equivocada. As pessoas consideradas (economicamente) da classe pobre, vivem na linha da classe média. As pessoas consideradas (economicamente) da classe média, vivem na linha da classe média alta. As pessoas da classe média alta, vivem na linha da classe rica. E a classe rica vive na linha da classe milionária. Ou seja, cada classe vive sempre um patamar acima daquele que deveria estar, manter ou ser. Resumindo mais ainda, as pessoas vivem querendo ser o que não são. Vivem querendo mostrar o que não tem ou o que não podem ter. Vivem querendo manter as aparências. E nunca assumem verdadeiramente aquilo que elas são ou o que elas tem. Ótima palestra, e eu nunca a esqueci...
Agora, eu me pergunto "porquê"? é feio não ter dinheiro?.. é feio não ter uma posição social alta, uma posição que mostre aos outros que você não tem dinheiro?... é feio ser pobre, ou classe média?... Esta visão do ser humano está totalmente distorcida e equivocada. Bonito é você assumir o que você é, o que você tem, sem querer mostrar o que você não é ou o que você não tem... Você não precisa provar nada pra ninguém, a não ser pra você mesmo. E não há nada melhor na vida do que você ser você mesmo. Dá uma sensação incrível de liberdade...pode acreditar... Tomara nós (eu e meu marido) tivéssemos descoberto isto ainda cedo, bem lá atrás, ainda jovens. Teríamos tido uma outra vida, sem tantas barreiras e dificuldades...
Por tudo isto, hoje eu não tenho medo e a mínima preocupação de mostrar ao mundo quem  realmente eu sou... O sofrimento e a dor vieram acompanhados de grandes e verdadeiras  lições, as quais eu consegui apreender direitinho. Eu não me escondo atrás de nada e nem de ninguém. E nem tento mostrar perfeição para os outros. E é bom sabermos também que ninguém é perfeito. Todos tem as suas imperfeições, seus medos, suas dúvidas, suas indagações, suas fraquezas e limitações perante à vida. Devemos sim e sempre, lutarmos, correr atrás para melhorarmos o que somos, com todas as nossas forças... Não se acomodar e dizer: "eu sou assim mesmo e não tem jeito" ou "sou assim e assim vou morrer". Isto sim é fraqueza... É limitação... Você pode mais... Você deve mais... Devemos sempre procurarmos superarmos a nós mesmos. "Eu já sou assim? então, vou melhorar mais ainda", este deve ser o nosso propósito e meta nesta vida...Mas nunca, jamais, se esconda nem tente ser aquilo que você não é. Mas sempre, sim, corra atrás daquilo que você quer ser, ou ter, com transparência, com sinceridade, sem medo de ser feliz...e não se preocupe com dinheiro ou posição social...se tiver que ser seu, virá, naturalmente...mas isto não é a coisa mais importante da vida...o importante é ser feliz com aquilo que você já tem...com aquilo que voce já é...
Meu marido sempre diz: "o meu carro é o mais bonito, o mais possante, o melhor...por que é meu! esta casa é a mais bonita, a melhor...por que é minha!..." Legal, né? isto aprendi com ele, também...o melhor é aquilo que nós já temos...
Agradeça sempre...preencha seu coração de amor e luz...plante sementes boas...depois...é só colher...

Beijos com carinho...

8 comentários:

jeito simples disse...

Bom dia Lizete!
Muito bem dito! Adorei. Hoje em dia, todos corremos atrás de tantas coisa sem perceber que precisamos mesmo de muito pouco pra sermos felizes!
Me aposentei mês passado e fui bombardeada por muitos dizendo que meu padrão ia cair. As pessoa, como vc disse, na maioria, só pensam em dinheiro. Mas existem tantos outros ganhos nesta vida...
Bjos querida!!!!

Maria Cininha disse...

É um belo e sincero desabafo. Eu sempre ensinei aos meus dois filhos, quanto mais coisas acumulamos, mas difícil fica ser livre. E não tem nada mais importante do que ser livre.

Beijos

Amara Mourige disse...

Oi Lizete, o que importa é o amor a união... e felicidade da nossa família.
Viver com paz e tranquilidade.
Minha foto qual ?
Com carinho!!
Bjos

Luma Rosa disse...

Lizete!!! Tão bom encontrar alguém sincero e que não está preso às convenções sociais! A vida ensina, mas tem muita gente batendo a cabeça na rua da amargura, porque a grama do vizinho é mais verdinha! :) A minha mãe sempre repetia o refrão da música: "O que se leva dessa vida é o que a gente come, o que se bebe, o que se ri", mais nada não é?
Minha mãe não era de acumular coisas mas por viver muitos anos, tinha apego em alguns pertences e quando faleceu, tive que doar suas coisas. Eu não poderia ficar com objetos e roupas que apesar de estimados por ela, não teriam espaço em minha vida. A verdade é que quando fui executar a tarefa, resgatei várias lembranças, principalmente das ocasiões em que ela usou tal roupa ou que comprou/ganhou algum presente. Foi uma tarefa bem árdua e acho que foi nesse dia que me despedi da minha mãe, sabendo que ela não estaria mais ali para apreciar tudo aquilo. Neste dia também decidi que iria tirar todos os excessos da minha vida; por que não vou querer que alguém cumpra essa mesma tarefa árdua. Não quero que alguém sofra vasculhando meus pertences ou descobrindo meus segredos mais íntimos (rs*) e atualmente vivo em uma casa muito fácil de limpar! (rs*) Dizem que a felicidade cabe em uma mala, pois então!!
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Corri atrás da autoria do texto, que o meu amigo DJ também não havia adicionado a sua postagem. Eu estava tão afoita e entorpecida com sua perda que nem passou pela minha cabeça procurar pela autoria antes de postar e agradeço você por me fazer enxergar essa incorreção.

Quanto à frase: "o plantio é livre, a colheita obrigatória" - ela está inserida em vários textos, mais parecendo um dito popular.

Boa semana! Beijus,

Beth/Lilás disse...

Cerejinha Lizete!
Que texto mais bonito e sincero, a gente sente que vem de dentro do seu coração realmente!
Partilho dos mesmos sentimentos e pensamentos que você e das outas comentaristas, mas o que vejo hoje em dia é muita gente sofrendo porque não tem aquilo que o outro tem, porque não pode viajar e o outro pode, porque não pode comer fora e o outro pode, porque não pode comprar as coisas de antes e quer continuar mantendo a fachada, não incorpora-se na nova realidade, isso faz a pessoa entristecida e de mal com a vida.
Meu marido tem o mesmo pensamento que o teu, e olha, poderíamos trocar o carro todo ano, mas ele não consegue entender (e eu o apóio) para quê trocar algo que está muito bom, ainda tem muito a rodar, está em ótimo estado e aparência, mesmo porque ele cuida muito bem de suas coisas, então para quê comprar um novo? Para mostrar ao vizinho ou parentes que pode? Não! Nossa meta é o crescimento cultural e espiritual, por isso gostamos de viajar e conhecer lugares e pessoas, considero isso uma riqueza inigualável.
Ótimo texto!
beijos cariocas

Menina no Sotão disse...

Eu lembrei de um dia que eu fiquei chorando durante horas (li seu post dias atrás no reader). Uma menina disse que eu era um quatro olhos e fiquei chateada, aquilo me incomodou muito. Fui pra casa chateada e decidi que não iria mais usar óculos. Não enxergava direito, mas me recusava a usá-los. Durou pouco porque me incomodava não ter alcance sobre as letras dos livros, do meu caderno e da lousa; percebi que não podia me punir com ausências por causa dos outros e nunca mais me importei com as tolices ditas pelos outros.
bacio carissima

Luma Rosa disse...

Obrigada pelo carinho!! :) A autoria já adicionei ao texto - Paramahansa Yogananda - um autor que não conhecia!! + Beijus,

chica disse...

Aplaudo o desabado.Lindo e coerente.beijos,ótimo dia,chica