terça-feira, 26 de julho de 2011

Conversando com os Pais: Educando para a Liberdade...


Mais uma vez, tudo o que escrevo é apenas o meu ponto de vista. E como voces já sabem, todo PV é bastante relativo. Tudo que relato aqui serviu para mim, para a minha vida.

Ontem escrevi uma matéria para participar do aniversário de 3 anos do blog elaborado pela Norma, Pensando em Família, um excelente blog,  com um tema em que falei sobre "filhos". E me lembrei de uma passagem com meu filho do meio, Rodrigo.  Lá pelos seus 9 anos, mais ou menos, um dia ele chegou para mim e afirmou: "Mãe, hoje voce e o papai não transam mais, né. Pai e mãe transam só pra terem filhos."

É engraçado, ou não, a visão que os filhos tem dos pais, não? Para eles, somos heróis, santos, nunca erramos, somos perfeitos, nos colocam em um pedestal e lá permanecemos.  Me lembro também de outra passagem com o mesmo filho, Rodrigo, em um dia que passei dos limites e lhe dei umas palmadas. Não sei o que ele tinha feito, mas o fato é que lhe dei as palmadas. Algum tempo depois, refleti, e senti que eu estava errada. Então, fui até ele, me agachei, ele era ainda pequeno, devia ter uns 9 ou 10 anos, e lhe disse que eu havia errado. Não devia ter lhe dado as palmadas. Então disse-lhe, olhando bem dentro de seus pequeninos olhos e com um sincero sentimento de arrependimento: "Filho, me perdoe. Eu estava errada. Os pais também erram, e naquele momento, eu errei. Me perdoe." Eu jamais vou esquecer a expressão de espanto no rosto do meu filho. Acredito eu que ele queria dizer: "minha mãe me pedindo perdão?" e também  " pais também erram?". Sim, eu desci do pedestal. Mostrei logo cedo para o meu filho que eu não era uma santa, perfeita e que muitas vezes eu errava. Ele não precisaria descobrir sozinho, um dia, lá na frente, que os pais não são perfeitos e nem os heróis que eles imaginam. Somos seres humanos normais.


Sim, pais também erram...e como. E é preciso aprender a pedir perdão para os nossos filhos.


Me lembro de uma professora da minha filha (que aqui vou chamar de Sara) que  tinha uma filha (que aqui vou chamar de Lara)  que era amiga da minha filha. Todas às vezes que Lara ia em casa, ela não conseguia se comunicar comigo nem com meu marido. Ela falava conosco olhando pra baixo. E quando ligava pelo telefone e se era eu quem atendia, ela gaguejava. Um dia nos encontramos numa festinha de aniversário e a sua mãe, Sara, a professora, também estava lá e veio sentar-se conosco. E conversando, ela comentou que a Lara estava com sérios problemas de relacionamento, de inclusão. Se sentia rejeitada e não conseguia se comunicar com os amiguinhos.  E ficamos um tempão conversando. Eu não costumo me meter nem dar palpites na vida de ninguém, mas  ela me perguntou o que eu achava. E eu lhe disse.
"É simples, muito simples. Pode ser que voce esteja sendo muito  autoritária ou rígida com os filhos em casa. Isso gera muita insegurança neles, fazendo com que eles tenham inúmeras dificuldades na vida. Em casa voce deve ser a amiga e não a professora. Conversar, dialogar, trocar, aprender juntos. Abrace a Lara e lhe peça perdão. Perdão por tudo que um dia possa ter ferido ou machucado o seu pequeno coraçãozinho. Ela irá te entender e perdoar também, do fundo da alma. Criança perdoa melhor que adulto e mais rápido."


Passado um tempo, um bom tempo, um dia Lara liga em casa e eu atendo. Eu demorei a reconhecê-la. Era impressionante a sua mudança. Falava em tom alto e seguro comigo. Perguntou como eu estava, se  o tio também estava bem. E o dia que foi em casa, me impressionou mais ainda. Falava comigo, me olhando nos olhos, sem baixar a cabeça. Um simples pedido de perdão e um abraço bem apertado...depois a mãe dela, Sara, me contou...

É importante sim criarmos nossos filhos de uma outra maneira. Uma educação que não castre, que não deixe complexos e medos mal resolvidos. Filhos que sejam corajosos e idealistas. Fortes e gentis. Filhos que não vejam sujeira e pecado em tudo. Mas filhos com uma mente sã, capazes de serem úteis à sociedade a qual pertencem. Filhos que sejam capazes de voar.


Nós já sofremos muito com tanta castração, com tantas regras rígidas e distorcidas, que só nos fizeram seres amedrontados e limitados, sem coragem de enfrentar o novo, o desconhecido, o mundo lá fora. Sem coragem e força para desbravar o mundo. Que isto morra conosco. Que morra com esta geração. Que as próximas gerações possam ser livres, ter uma mente livre e saudável e viver a vida com mais alegria, com mais sucesso e mais bem-aventuranças.  Isto não significa em hipótese alguma criar filhos sem limites. Não é disto que estou falando. Isto é assunto para outro post.

Abrace sempre seu filho. Sempre diga que o ama.  Deixe ele se sentir amado, querido, aceito. Sempre elogie a sua capacidade, as suas escolhas, as suas conquistas. Acredite nele. Tenha fé no seu filho. Nunca, jamais o critique com palavras negativas: "seu burro, seu idiota, seu tapado, voce nunca vai ser alguém na vida, voce é um retardado, voce não consegue, voce não é capaz, etc, etc, etc. Enterre para sempre estas palavras.


Elogie, engrandeça a mente dele com palavras de elogios: voce é muito inteligente, voce é capaz, voce vai chegar lá, voce consegue, voce pode, voce realiza. Não falo de valores materiais, mas de valores morais. Que eles cresçam com caráter e dignidade, sabendo resolver, decidir, opinar e escolher aquilo que é o melhor para eles. Que eles saibam que a vida não é fácil, mas que eles possuem a capacidade e a força para resolver tudo o que vier. E mais, a capacidade para construir uma vida feliz. Voce acredita nisto? acredita que seu filho possa ser feliz? então diga isso para ele, e sempre, sempre mesmo, abençoe seus filhos. Todo filho abençoado pelos pais tem uma vida feliz e próspera. Com toda a certeza do mundo!


Quando eu trabalhava com crianças e adolescentes rotulados de "problemas" eu só conseguia ajudar realmente àqueles em que os pais aceitavam que o problema não estava só nos filhos, e sim nos dois, Pais + Filhos. O filho "problema" na realidade só está querendo chamar a sua tenção e gritar para voce que precisa do seu amor, do seu carinho, da sua proteção, do seu afeto. A realidade é que existem muitos pais que não sabem como amar e acham que enchendo os filhos de coisas materiais como carros, roupas de griffe, computadores e celulares "da hora" vão conseguir substituir a forma correta de dar amor. A única coisa que o seu filho precisa é do seu abraço, da sua atenção, do seu diálogo com ele. Se preciso for, peça perdão ao seu filho. Isto não é nenhuma vergonha. Afinal, ninguém dá aquilo que não recebeu. E se esta é a maneira que voce aprendeu a amar, que seja. Mas, se voce percebe que seu filho não corresponde ao que voce deseja e está te dando trabalho, que tal substituir a sua "fórmula de amor"?  Tente uma vez que seja, abraçá-lo, lhe pedir perdão e dizer que voce estava errado. Não é uma fórmula mágica, mas voce verá que pode dar certo.
Na adolescência apenas colhemos aquilo que doamos aos nossos filhos até chegarem ali. Do 0 ano aos 13 anos, é apenas a época do plantio, e dos 14 aos 17, 18 anos, a época da colheita. E mais uma coisa: do 0 ano até os 12 anos, o filho precisa muito do amor da mãe, e dos 13 aos 17 anos, é a presença do pai que mais vai contar. Pense nisto...mas pense com carinho...O mundo pode e deve pertencer aos nossos filhos...

Beijos!
Eu acredito nisto, e voce?

19 comentários:

Menina no Sotão disse...

Eu estava escrevendo há pouco algumas linhas sobre uma história e justamente o que me chama atenção é a reação da mãe que em determinado momento diz "a educação é impor limites e não regras que ofereça aos filhos as desorientações sociais. Ser pai ou ser mãe não significa distanciar-se e só se aproximar para repreender. É ser amigo, estar presente e mostrar a ele que não existe distância, existe sim respeito por quem somos e aquilo que somos". Em dado momento ela cita alguns pais e diz que são eles os responsáveis pelos rótulos de uma vida inteira.
Em casa, meus pais eram os meus melhores amigos. Não tínhamos segredos. Havia diálogos constantes sobre os mais diferentes temas, talvez por isso sempre me dei bem com as pessoas mais velhas e achava as mais novas um tanto chatas e enfadonhas. rs
Eu sou grata aos meus heróis humanos que me ensinaram que rótulos são coisas tolas e sem significado e o que de fato importa é que a gente se ocupe com a vida e seus caminhos sem se importar se quem caminha ao lado é alto, baixo, magro, veste roxo ou lilás. rs


bacio carissima

Anônimo disse...

Acredito muito em tudo isso amiga, que postagem contagiante, que todos recebam como um lindo conselho para vida, parabéns, e obrigada por compartilhar conosco suas experiências de vida, beijos...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Beth/Lilás disse...

Bom dia, Cerejinha!
Que post magnífico, feito por alguém que sabe criar seus filhos com amor e ternura!
É por aí como você bem o disse, nada se consegue com filhos sem diálogo e carinho, tudo irá se refletir aos poucos no caminhar de suas vidas.
Lindo post e imagens para começar uma manhã, portanto, um beijo e abraço, cariocas.
Smacks!

Blog Luz por Roberta Maia disse...

Meninaaaaa...nunca li algo tão sério e real!!!
Não sou mãe mas acredito que os pais erram SIM,são humanos e saber pedir perdão é um ato generoso e sábio!!!
Vivemos em um mundo onde se fala muito em respeito aos pais, mas eu pergunto, e o respeito aos filhos afinal somos muito do que vemos e não so do que ouvimos!!!
Estamos respeitando nossas crianças???

Amei seu texto!!!LINDO!!!
Você esta de PARABÉNS!!!

Unknown disse...

Olá Lizete, cheguei aqui através de seu post em passarinhos no telhado, amei seu blog, li vários posts, me identifiquei muito, mas especialemnete nesse post sobre filhos, tão difícil cremos que é os criar e depois percebemos que é mais simples que imaginamos...=)
Amo meus filhos, mas não sei se sou uma mãe exemplar, mas procuro ser mais amiga, mais conselheira e mais aberta que a criação que tive...
Bjs

Apareça pra conhecer meus cantinhos,
Janelinhadaalma.blogspot.com
paulamlima.blogspot.com

Maria Cininha disse...

Filhos! Por mais que tudo saia certo, sempre temos uma ponta de dúvida, será que deixamos de fazer algo, ou exageramos em algo... Tenho dois filhos adultos e casados e são felizes, fortes, realizados, mesmo assim ainda a dúvida ataca, pode?

chica disse...

Maravilhoso do começo ao fim...Lindos depoimentos e reflexões sobre pedacinhos de vida...aDOREI!

BEIJOS,CHICA ( E COMO TU, TB CHORO A CADA FIM DE FÉRIAS,SRSR)

chica disse...

Maravilhoso do começo ao fim...Lindos depoimentos e reflexões sobre pedacinhos de vida...aDOREI!

BEIJOS,CHICA ( E COMO TU, TB CHORO A CADA FIM DE FÉRIAS,SRSR)

Suzanna disse...

Bom dia Liz!
Gostei muito do post.
Me vi cuidando dos meus filhos(que hoje já são dois homens) mas que para mim serão sempre meninos.Eduquei-os bem de pertinho, sempre dizendo que antes de mãe eu era uma grande amiga, e deu certo.Sempre diiscutimos para chegar a um ponto comum.
E hoje, já recebo as recompensas graças a Deus,e aprecio o "voo" deles com muito orgulho e amor.Nossa casa deve ser sempre um ponto de referência, onde cada pouso é de alegria conforto e sobretudo segurança, assim depois de cada voo é para cá que eles querem voltar, e isso nos deixa em paz com a vida.
E entãoooo que bom que gostou das imagens,suas visitas são inspiradoras também, e aproveitar as ideias então me deixa super feliz!
Um dia bem gostoso para você!
Bju

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá Lisete. Vim retribuir sua visita ao Arca e conhecer o seu lindo espaço. Filhos são os melhores presentes de Deus para a nossa vida. Beijos.

maria neusa guadalupe disse...

LIZ: lendo seu post me lembrei de duas frases( das muitas) que me nortearam na criação de meus dois filhos:
1- Aos filhos,raízes e asas.
2- Toda criança cresce em direção ao elogio.
Depois que meu filho mais velho foi pai,me escreveu: agora sei ,mãe,que os pais fazem o que pensam ser o melhor para os filhos.
Beijos amigos e admiradores,pra vc.

Luma Rosa disse...

Difícil acrescentar algo mais ao texto, porque você simplesmente escreveu bonito! Percebe-se que a sua motivação vem do coração e as crianças sentem nos gestos e olhares o carinho daqueles que tratam dela! Elas são apenas o nosso espelho. Beijus,

Unknown disse...

Oi Liz, adorei a sua visita amiga sagitariana...rs
Gostaria muito que fosse no meu blog poemas, poesias e pensamentos (paulamlima.blogspot.com) e desse uma olhada no post sobre o dia das vós, como percebi que és muito ligada a família, acredito que vais gostar.
Estarei sempre por aqui, e quando tiver um tempinho escreva mais pra gente se deleitar...=)

Bjs

Eliete disse...

bom dia, minha querida Liz, você escreveu muito bem e eu concordo com tudo . As imagens são lindas.bjs

Rozani disse...

Oi, minha querida amiga!
Passei aqui pra te deixar um bj e um ótimo fim de semana!
Rozani

blog da Paraguassu disse...

Olá Lizete,
Que prazer em conhecê-la (virtualmente, é claro). Já senti a profundidade de seus conhecimentos e de seu coração cheio de meiguice e amor. Sua postagem é muito boa e adorei a forma como você coloca as questões relativas a pais e filhos.
Amei seu blog e, por isso, já estou te seguindo. Convido-a a conhecer meu recanto e, se gostar, siga-me e deixe um comentário em minha postagem. Ficarei muito feliz em vê-la por lá.
Um beijo e um ótimo final de semana.
Maria Paraguassu.
um comentário em

Amara Mourige disse...

Olá Lizete, lindo post você é uma pessoa incrível deve ter criado muito bem seus filhos.
Os país erram sim, errei muitas vezes hoje reconheço.
Um lindo final de semana.
carinhosamente.
Amara

POR CARLOS EDUARDO DEVIENNE FERRAZ disse...

Ter filhos é fácil...duro é criar, educar, prepará-los para a vida.

Filhos são iguais as plantas, as que são cuidadas, adubadas, regadas, tratadas com amor e sabedoria darão lindas folhagens, flores e frutos... Planta que não teve cuidados, adubo, água, nascem retorcidas, deformadas, sem cor, ou seja, dão aquilo que receberam.

Te amo! obrigado pelo seu amor na criação dos nossos filhotes!

PEPE