terça-feira, 5 de abril de 2011

"O ano passado, no inverno..."

Quero falar um pouco sobre um filme que assisti na tv, nem sei se tem em DVD, um filme alemão dirigido por Caroline Link, "O ano passado no inverno".


A história pode ser até meio clichê, uma família de posses, na Alemanha atual, mais precisamente Munique, com um casal de filhos e uma bela casa. Mas eu adoro muito assistir esses filmes, pois a medida que você vai entrando na história...passa a ser um personagem dentro dele...e assistir de perto, bem de perto, os dramas e vivências de cada personagem é o que me fascina. É verdade que com os livros, funciona na mesma proporção...e embora eu goste muito de ler, desde pequena, meus presentes eram ganhar livros, eu assumo que sou uma cinéfila de carteirinha. Talvez porque eu sempre tenha tido a dificuldade de visualizar mentalmente as cenas (não quis ser arquiteta nem decoradora por causa disso, embora, AAAmmmmmeeeee decoração), eu preciso dizer que o cinema me facilita isso. Sempre procuro escolher bons filmes, bons roteiros, boa direção, bons atores, amo a fotografia do cinema e a trilha sonora; tudo isso junto, batidinho no liquidificador...minhas queridas... mais uma pipoquinha e um guaraná, deixo até de sair de casa! Sou muito caseira, adoro muito ler, ver filmes, ouvir músicas...
Mas, voltando, histórias de pessoas, de vidas humanas, seus conflitos, suas alegrias, tudo o que é humano..me atrai demais...
E nesse filme especialmente, é assim também. Vou acompanhando, de repente, nessa família tão bonita, onde parecia ir tudo bem, o filho de uns 20 anos, talvez menos...se suicida...
A filha, na mesma faixa etária do irmão, tão linda, mas tão preocupada com o seu próprio mundo...nunca ligou muito para o irmão, pois para ela, ele era o sinônimo da alegria e sempre pareceu estar de bem com a vida; tinha uma "ótima" relação com a mãe, o que à vezes parece que isso a deixava meio enciumada...
O filme não deixa tão claro, mas parece-me que a mãe tem um quê de controladora, de querer decidir tudo, até mesmo a profissão dos meninos...tudo tem que ser perfeito, dar certo, nada pode dar errado...isso vi nas entrelinhas...
Mas porque um menino tão lindo, suave, que se dava bem com a família, amado por ela, poderia querer se suicidar...
...Um dia, descobre-se então a sua solidão, o seu vazio, a sua procura...e o seu "não encontro", e a triste e inesperada realidade de que, ninguém, realmente, o conhecia ou sabia o que se passava dentro dele...
Em uma cena de profundo desespero e angústia, incompreensão, não aceitação, assistimos (participo), ao turbulento som de Peter Gabriel (amo...)"signal to Noise", a mãe andando na mata, local onde o filho se suicidou,com um tiro na cabeça, e aos prantos, tenta ali, libertar-se de um dor tão intensa, que chega a me sufocar (só quem é mãe poderia entender...) e, ao mesmo tempo, em cenas paralelas, a filha no estúdio de dança, ao som da mesma música, através de uma dança frenética, buscando ajuda desesperada para a alma que chora uma morte inconsolável, avassaladora, para ela, que somente agora entende o amor de seu irmão por ela...



Um filme lindo, que me fez ficar pensando muito (enquanto sobem as letrinhas com o "cast" do filme, esse momento é precioso para mim e minhas divagações sobre a vida e os seres humanos...). Pessoas que terão que se reencontrar consigo mesmas (o que é muito difícil) e perdoar e se perdoar...Final sensível...Recomendadíssimo!






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